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Uma Visão Sobre Escolhas Alimentares & Atividade Física em Tempos de Fim do Mundo

Preferi esperar a poeira baixar, dar tempo de nos adaptarmos a nova realidade em relação a pandemia com a qual ainda estamos lidando, antes de trazer alguns pontos que podem servir de verdadeiras pérolas para todos nós, tanto onívoros (aqueles que comem de tudo), quanto vegetarianos (aqueles que restringem parcialmente ou completamente o consumo de produtos de origem animal). De fato, não imaginei que passaríamos por isso;  já demos adeus a mais de um milhão de vidas (e subindo...) ( WORLDOMETERS, 2020 ) por conta de um vírus que tende a ser ainda mais perigoso quando infecta portadores de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, asma, assim como obesos e indivíduos acima de 60 anos ( CENTRO DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS, 2020 ). Nos escondemos atrás de máscaras e litros de álcool em gel, mas sem nós dar conta de que através do desenvolvimento de Fitness (Hábitos Saudáveis, Educação Física e Nutrição), poderíamos prevenir não só as chances de termos graves complicações ao li

Passei 1 Mês Comendo 1 Refeição Ao Dia


Janeiro de 2017, acabara de me mudar para uma nova casa. Segui curtindo meu novo emprego (trabalho também como modelo em uma empresa de ecommerce) e super motivado a tentar algo novo, muito diferente do que simplesmente cortar alimentos refinados como vimos no artigo anterior.

A ideia era contrariar uma das estratégias mais eficazes e básicas que você vai ouvir ao visitar um nutricionista:

Coma de três em três horas.

Os motivos para se comer assim são realmente eficazes e incluem:

1) Níveis de energia mais controlados devido à distribuição de açúcar constante e nutrição adequada durante todos os momentos do dia.

2) Menos fome repentina e desejo de comer besteiras monstruosamente; também devido ao açúcar controlado.

3) Maior chance de aproveitamento de tudo o que ingerimos e consequentemente melhor digestão.

4) Diminuição de catabolismo muscular (dano e possível perda de massa magra).

5) Você come menos, de maneira mais controlada e acelera seu metabolismo.

E tudo isso pode ser comprovado por diversos estudos, evidências e sim! Já comprovei na prática.

Porém, na prática encontrei controvérsias:

1) Sentia muita fome.
2) Comia muito mais.
3) Por mim, comeria de hora em hora.

Foi assim que me veio a vontade de testar algo indo na direção oposta:

Comer não de uma em uma hora, mas de 1 em 1 dia. Mas por que alguém faria isso? Por que uma alma em sã consciência se torturaria comendo apenas uma refeição ao dia?


Bem, antes de tudo, realmente não sinto fome a cada três horas, e acredito que meu instinto natural ainda é bem parecido com o de nossos antepassados. Homens e mulheres que há algumas centenas de anos não tinham acesso a comida o tempo todo e passavam inclusive 2-3 dias sem uma refeição completa.

Seres que não tinham acesso à whey, nem polivitamínico, muito menos à produtos sem glúten ou lactose. BCAA então, nem pensar.

Ainda assim estou aqui para contar história e para manter uma natureza bem selvagem, que talvez seja apenas minha na verdade:

A estranha e destruidora habilidade nata de comer como um personagem dos Transformers.

Não mastigo 20 vezes cada garfada, não como saudável o tempo todo, não me sinto culpado, e para completar, como absurdamente grandes quantidades de comida. Acredite se quiser, 90% das vezes respeito a ideia de parar de comer antes de me sentir cheio.

Comendo de três em três horas me sinto limitado, pois de maneira que eu coma apenas minha ingestão de calorias recomendada, eu preciso comer refeições menores do que gostaria de comer naturalmente.

E por mais que novos hábitos sejam criados através da prática, esse hábito de comer como um titã e encontrar prazer nos momentos de jejum me faz bem e não encaro isso como uma tortura.

Então com base nisso, me senti impulsionado a testar, ver se os malefícios de não me alimentar frequentemente seriam sentidos e se por acaso eu encontraria algo de positivo nessa bagunça toda:

Prós de Comer Uma Vez Ao Dia

1) É Bom Para o Bolso. Pelo Menos Em São Paulo. Mesmo que você optasse por não cozinhar, existem várias opções de restaurantes que servem comida de verdade à vontade a menos de 25 reais. Seja que, uma refeição sai em média 8 reais. Com a diferença de que a qualidade pode ser muito superior ao lanche do dia no seu fast food favorito.

2) Permite a Sensação de Se Comer Como Um Rei Todos Os Dias. Nada de moderação, curta cada dia como uma nova oportunidade para banquetes.


3) Poupe de 3-5 Horas por Semana. Você não precisa cozinhar cada refeição e mesmo que opte por cozinhar, você se preocupará apenas com uma louça por refeição. Você passa menos tempo planejando o cardápio.

4) É Uma Maneira Simples de Se Perder Peso. Comendo comida de qualidade (rica em nutrientes, não processada e industrializada) fica mais difícil comer tudo o que comeria se estivesse comendo de três em três horas. Muitos comerão naturalmente menos calorias dia após dia, o que poderia levar à perda de peso consistente e saudável. Um estudo publicado em 2010 no International Journal of Obesity aponta que a prática promove maior perda de tecido adiposo (gordurinha), melhor cognição, melhor metabolismo de açúcares, maior longevidade. Tudo poderia ser alcançado através desse tipo de jejum intermitente. Atentos ao "poderia".

5) Nem É Loucura. 20-23 horas de jejum é mais comum do que pensávamos. O Hinduísmo, Judaísmo, Islamismo, Catolicismo e Budismo, são apenas alguns do grandes movimentos culturais religiosos que promovem a prática e seus benefícios.

6) Melhora do Sono. Uma vez que minha maior refeição passa a ser o almoço, eu não durmo de estômago cheio e consigo alcançar sono profundo com maior facilidade.

7) Menor Retenção de Fluido & Corpo Mais Leve. Apesar de reter mais líquido nas horas seguintes à alimentação, passei boa parte de cada dia me sentindo mais "seco" do que de costume. Isso porém, talvez não tenha sido por conta de muitas horas sem comer, mas sim por frequentemente, comer mais proteínas e gorduras, macronutrientes que tendem a reter menos líquido por grama ingerida.

Contras de Comer Uma Vez Ao Dia

1) Dá Sono. Não foi sempre, mas dos 30 dias, pelo menos em quatro, eu senti sono à tarde. Quando comemos, a glicose aumenta, à insulina é o hormônio que fica responsável por regulá-la e retirar o excesso do sangue. Essa mudança de picos de insulina e açúcar é o que tende a dar aquela moleza pós almoço.

2) Tem Dias Que Dá Fome Mesmo Assim. Mesmo comendo super bem, em três dias dos 30, senti uma vontade violenta de comer além de uma refeição ao dia. E não foi vontade de comer brócolis não, e sim de jacar como um verdadeiro Little Pony.

3) Caso Você Seja Uma Pessoa Muito Ativa, Pode Ser Difícil Alcançar Sua Ingestão Calórica. Comendo apenas alimentos não refinados, não industrializados ou processados é bem difícil. É possível sim, se você comer poucos carboidratos e mais gordura e proteína, alimentos esses que tendem a ter mais energia por grama. Ainda assim, se você precisa de mais carboidratos para atividades físicas pesadas ou se é atleta mesmo, pode ser um desafio absurdo. Estamos falando de ao menos 3 kg de batatas, legumes, salada, em um única refeição... Mais proteínas e gorduras que também são essenciais.


4) Pode Faltar Tempo Para Que Aprecie A Comida. No meu caso, comi todas as minhas refeições na hora do almoço. Uma hora estava sendo pouca para dar conta do recado, e além disso tinha que lidar com outros dois fatores, os amigos muito curiosos e falantes, e o desconforto de ser o último a terminar e vê-los esperar por você, enquanto você engole mais comida do que muitos em um dia todo (felizmente me acostumei e já não ligo mais).

Mitos Que Aniquilei Comendo Uma Vez Ao Dia

1) Não "Catabolizei". Apesar de ficar muitos horas sem comer poder causar perda de massa magra, o jejum tende a aumentar nossa sensibilidade à insulina, promove aumento de produção e liberação de GH e IGF-1, dois hormônios essenciais para crescimento muscular. Visivelmente, assim como na percepção de esforço em cada treino intenso, não senti alteração alguma, indicando que os benefícios neutralizaram qualquer possível perda que possa ter ocorrido.

2) Não Fiquei Sem Energia. Pelo contrário, não só passei a ter ainda mais energia pela manhã, assim como mantive o grau pela tarde. (Levar em conta que já fazem alguns anos desde que perdi o costume de jantar).

3) Não Ganhei e Nem Perdi Peso. Como houve um controle diário de tudo o que comi, não houve mudança alguma em meu peso corporal. Logo nada de sair fazendo jejum intermitente achando que só por isso vai perder peso.

Possíveis Males Causados Por Comer Uma Vez Ao Dia

1) Aumento de Rigidez do Tecido Muscular do Coração. Assim como existem estudos positivos à prática que leva ao jejum intermitente, existem estudos, como um publicado no Journal of Cardiac Failure que apontam os efeitos positivos, assim como efeitos contrários. Vale ressaltar porém que os estudos foram feitos com ratos e não com humanos. O simples fato de sermos indivíduos diferentes, possuirmos dietas distintas, e realizarmos ou não algum tipo de atividade física são apenas algumas das variantes que poderiam alterar completamente o risco de aumento de rigidez do tecido muscular cardíaco.

2) Baixa Concentração de Açúcar no Sangue. O que poderia acarretar um apetite voraz por doces e comidas processadas, levando a uma verdadeira montanha russa, envolvendo picos de açúcar e quedas de açúcar dramáticas. Quando famintos, por instinto, nunca vamos escolher um banquete de brócolis, e sim comidas super calóricas e não necessariamente nutritivas.

3) Risco de Se Desenvolver Diabetes Tipo 2. Supondo que você jogue tudo para o alto, passe a ter episódios cada vez mais frequentes de não comer nada, seguido da ingestão do que você bem entender, pode acabar ingerindo mais calorias do que precisa, ganhar peso e começar a estimular distúrbios hormonais. Esse desequilíbrio pode levar ao desenvolvimento de Diabetes Tipo 2, doença crônica que afeta a forma como o corpo metaboliza a glicose, principal fonte de energia do corpo.

4) Um Monte de Probleminhas. Culpa, moleza, dificuldade de concentração, perda de performance, péssimo sono, digestão ruim, pressão alta por comer de mais, risco de gastrite causada por estresse provocado por horas sem comer, diabetes, desidratação, desnutrição.

CONCLUSÃO

Fiz, gostei e continuarei comendo uma refeição ao dia sempre que sentir vontade. Os benefícios do jejum intermitente podem ser alcançados com protocolos muito mais simples (veja aqui). Todos os possíveis riscos podem ser controlados, assim como em qualquer outra prática ou hábito.

Nos dias em que eu sentir fome pela manhã, comerei. E  nas noites em que eu sentir vontade de comer algo totalmente fora do planejado, comerei também.

Continuarei controlando minha ingestão calórica, me alimentando de alimentos não processados, não refinados e não industrializados, me exercitando todos os dias e curtindo os benefícios do jejum intermitente.

Afinal de contas, o que fica claro mais uma vez é que não é  apenas o jejum, comer ou não comer mais ou menos carboidrato, proteína ou gordura, fazer ou não fazer exercícios de barriga vazia, usar ou não usar suplementos, etc. É sim uma série de variantes que se multiplicam infinitamente quando as colocamos frente a uma outra variante única... VOCÊ.

Por isso, mais uma vez, fica a sugestão de que cada um faça e siga o que se demonstrar melhor através do desenvolvimento do autoconhecimento, e que possam contar também com o auxílio de professores, médicos, especialistas, nutricionistas e educadores físicos para auxiliarem em cada passo.

Força. E Pense Antes de Me Convidar Para Almoçar. 

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- Nilo, dá para tirar o dedo do interruptor? Isso aqui não é boate não menino, vai acabar queimando essa luz. Faz tempo, mas daquelas verdade indiscutíveis de meus dias hiperativos, essa é uma daquelas que hoje posso rebater com toda certeza: Apagar e acender a luz não queima lâmpada alguma! Pelo menos não a do corpo humano. Pelo contrário, lhe ajuda a queimar gordura, acelera o metabolismo e faz o custo benefício de cada minuto de exercício subir ainda mais. Mas que lâmpada é essa a que me refiro? Apenas uma maneira figurada de entender nossa capacidade de gerar potência. Assim como uma lâmpada que consome mais energia de acordo com a intensidade de sua luz, o corpo humano também consome mais energia de acordo com a intensidade da atividade física que exercemos. E fato é que entre manter nossa lâmpada acesa com a luz bem suave por várias horas e deixá-la queimar com o máximo de incandescência possível ainda que por curtos períodos de tempo por repetidas vezes, é a segunda o